Sun 3

domingo, 4 de março de 2018

Doida Não e Não!


Doida Não e Não, é uma obra de não ficção, conta a história de Maria Adelaide Coelho da Cunha a mulher que enfrentou Egas Moniz, Júlio de Matos e os sábios da época. Filha e herdeira do fundador do Diário de Notícias. Mulher do administrador do mesmo jornal, o escritor Alfredo da Cunha. Presa num manicómio por um «crime de amor». Os factos relevantes têm início em Novembro de 1918: era uma vez uma senhora muito rica que fugiu de casa, trocando o marido, escritor e poeta, por um amante. Tinha quarenta e oito anos, pertencia à melhor sociedade portuguesa. O homem por quem esta senhora se apaixonou, tinha praticamente metade da sua idade e fora seu motorista particular. Era herdeira do Diário de Notícias e a sua história chocou a sociedade da época.

Opinião: mais uma vez Manuela Gonzaga, surpreende os leitores que não conheciam esta obra (eu) com uma narrativa de altíssimo nível. Quem me segue no canal, já me ouviu falar da autora e da sua maravilhosa escrita, este livro não foi assim, exceção. Passemos agora à história de Maria Adelaide, que trocou a sua prisão sem grades, por uma prisão com grades...o manicómio.
Tenho tido algumas dificuldades em entender a atitude da sra. Maria Adelaide, confesso. Fugiu por amor, ou fugiu porque se sentia presa, asfixiada, torturada no meio onde vivia com seu marido (já corno) e seu filho?? Talvez por todos estes motivos, pensarão vocês, um acumular de maus tratos, e um belo de um dia a senhora disse para os seus botões: 'Chega, não aguento mais !!' Pega na trouxa, e lá vai ela rumo a um vilarejo, Santa Comba Dão, ter com o amante Manuel Claro, com idade para ser seu filho.
Estou convencida que M. Adelaide sabia que os dias de um amor e uma cabana, estavam contados, pois seu marido Alfredo (o corno) deu com ela e internou-a no manicómio. Se não soubesse que esta história era verídica, eu diria que seria um biorromance hollywoodesco, com cenas dignas de uma plateia para cinéfilos, tal não foram os caminhos por onde M. Adelaide se aventurou.
Como teria ela tantas certezas sobre as atitudes de Manuel Claro?? Como se toma uma decisão destas , fugir de casa sem deixar rasto, e não pensar nas consequências?? Penso que M. Adelaide queria Liberdade, ainda que isso lhe custasse a vida, ou a tal permanência na prisão com grades (manicómio). Se não tivesse tido ajuda e ,digamos, alguma sorte, teria apodrecido no manicómio, por isso mais uma vez me pergunto, porquê tomar esta atitude? Por amor ou pela sua liberdade, a decisão de M. Adelaide poderia ter corrido muito mal, sob vários aspetos. Agora caro leitor eu pergunto: E se fosse consigo, o que faria??? Um amor e uma cabana, ou a vida (sem amor) mas com todos os luxos e mais alguns, cujo preço a pagar  seria a sua liberdade, ou melhor dizendo , o seu cativeiro sem grades?? Maria Adelaide trocou o tudo, que para ela era nada, pelo nada que para ela foi tudo.
Não deixem de ler esta obra magnífica, com a escrita maravilhosa de Manuela Gonzaga. 5* porque não posso dar mais