Estamos a 27 de Janeiro de 1866, Walter Moody acaba de descer do navio Godspeed, a bordo do qual viajara da Inglaterra até à costa oeste da Nova Zelândia, imbuído do sonho de tomar parte na corrida do ouro na cidade de Hokitika. Ao chegar, Moody, ainda abalado pela estranha visão de um fantasma a bordo do navio, hospeda-se no Crown Hotel, no qual, sem seu conhecimento prévio, doze homens da localidade participam de uma reunião secreta. Trata-se de uma amostra incomum de indivíduos, entre os quais encontram-se um irlandês, um escocês, um Maori, um judeu, um francês, dois chineses: “Everyone’s from somewhere else.” Temos homens com as mais diversas ocupações, desde um banqueiro até um traficante de ópio: todos, porém, embrutecidos pelas disputas na cidade. Ao entrar, por acaso, no salão em que esse curioso grupo encontra reunido, Moody percebe que interrompera uma reunião de algum tipo, e os doze homens parecem comportar-se com uma indiferença calculada.
A partir desse momento, começa a desenrolar-se a história, à medida que cada um dos homens toma a narrativa para relatar a sua perspectiva. Quanto a estranhos acontecimentos sucedidos na cidade, nas duas semanas anteriores: a morte de um ex-garimpeiro em uma cabana remota; o colapso, na estrada principal, da prostituta Anna Wetherall, devido a uma overdose de ópio; o desaparecimento de um dos homens mais ricos da localidade; a descoberta de uma fortuna em ouro, em um esconderijo improvável; a chantagem de um político; a venda suspeita de um lote de terra. Temos, ainda, a chegada inesperada, na cidade, de uma mulher de reputação duvidosa, que diz ser esposa do falecido garimpeiro, e está, de uma forma obscura, relacionada a um homem talvez chamado Francis Carver. Para piorar, todos na reunião são unânimes em afirmar que Carver é um vilão.
A escritora utiliza múltiplos narradores: doze homens nada confiáveis, que se interrompem uns aos outros a todo momento. Quando começamos a unir as peças desse puzzle, a autora inicia a segunda parte da história, quando cada um dos homens, à sua maneira, tenta encobrir seus próprios rastros, três semanas após essa reunião secreta.
Cada uma das 12 partes do romance é precedida por um mapa astrológico que determina os eventos que terão lugar naquele período. Nesse mapa, é indicado, na data dos eventos tratados naquela parte, o planeta que estava em cada uma das 12 casas do zodíaco (que correspondem a cada um dos 12 homens reunidos no Hotel). Há, logo no início do livro, uma “tabela de personagens”, na qual são indicados os 12 indivíduos “estelares” (associados a cada um dos signos do zodíaco), bem como é apontado um local para cada uma das casas astrológicas: por exemplo, Áries na terceira casa representaria o personagem caçador em uma relação de amizade e/ou conversa com alguém. Há, ainda, sete personagens “planetários”, que giram e mudam de lugar, mês a mês, pelo mapa astral. Cada capítulo tem como título um posicionamento astrológico. O capítulo intitulado “Vénus em Capricórnio”, por exemplo, aborda um diálogo entre a personagem correspondente a Vénus, e o personagem correspondente a Capricórnio.
Um livro excelente, como podem constatar, embora a autora tenha deixado muitas 'pontas' soltas, propositadamente, para o leitor ser induzido a tirar as suas próprias conclusões. Sem dúvida uma grande leitura. Não vou dizer que adorei, mas gostei da maneira original com que foi escrita. 5 estrelas .